sábado, 15 de dezembro de 2012

Um andarilho qualquer

Era um andarilho jovem, angustiado com a vida e, constantemente, atormentado pelos seus fantasmas, os quais geravam pensamentos sórdidos e assustadoras visões em sua mente depressiva.

Ao enrubescido céu do crepúsculo, traçava suas metas e planos. Seguia pelos trilhos de um velho trem desativado, contemplando a obscuridade que habitava dentro de seu cansado corpo aventureiro.
Seus pais e conhecidos diziam que sua aura nascera impregnada de tolice e sujeira. Ignoravam seus sonhos, sua notória criatividade e imaginação. Um alguém, mais conhecido como ninguém, crendo no ilusório. Havia mal viver de devaneios, diziam os olhos julgadores, amedrontados pelo desconhecido.
Era por isso que fugira. Deixou para trás seus poucos afetos e bens. Caminhou incansavelmente, sem para os lados olhar. Subiu colinas, atravessou riachos, dobrou esquinas não dobráveis. Tornou-se um passarinho que dava seu primeiro voo sozinho.
Marchou em direção ao nada e ao tudo.
Alguns dizem que encontrou a luz pela estrada. Outros falam que deu de cara com o fim e voltou ao começo. Mas, os mais mortos, creem que o andarilho nunca saiu das folhas e rabiscos de um caderno qualquer.