segunda-feira, 25 de junho de 2012

Aos seres impróprios

Andava rastejando, angustiada; sempre de rosto abaixado, seguia pela senda.

Perguntavam-na o por quê do excêntrico. Estava destinada a permanecer em uma natureza diferente.

Os anos passaram e acostumara-se ao rótulo que a vida lhe dera.

Ao ser taxada de inadequada, criou sua bolha. Crescera sozinha lá dentro, até que, em certo momento, resolveu afastar as cortinas e retirar um pouco do pó que se acumulara após tanto tempo.

Levantou, abriu a janela, e novamente enxergou os olhos de desprezo e crítica. Porém, desta vez, não se sentia deslocada. Ao contrário! Existiam motivos para mostrar os dentes.

Sorria e erguera a cabeça. Dava de ombros.

Criaram-na do lado contrário e, quer saber? O avesso era seu certo.

sábado, 23 de junho de 2012

Quando o impulso nos empurrar, não restará mais nada. Talvez uma ponte, talvez apenas o rio.

Um coração bonito não é um coração inteiro

Escolha sua cor, afinal, somos borboletas.

Precisamos sentir a dor de rasgar o casulo, ou... conseguiríamos passar o resto de nossas vidas rastejando, sem desfrutar da beleza de um par de asas?

domingo, 17 de junho de 2012

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Nesses dias

Sentada na calçada com as pernas esticadas, arrancava as botas.
Com um movimento vertiginoso, retirava o batom dos lábios, apagando a cor que lhe sobressaía.
Restava a maquiagem borrada e a roupa rasgada.
Os olhos brilhantes, feito bolita, não controlavam as lágrimas que deslizavam pelo seu rosto.
O que antes era hábito, agora se via amargo.
Transformara a figura num completo vazio.

Um refúgio

Toda sua vida sentira necessidade de expressar-se, porém seus pés mantinham-se em terras inapropriadas, fazendo com que sua boca permanecesse calada.

Faltava um chão seguro, faltava o ar leve e o cheiro do pão caseiro.

Mas agora tirara a fita isolante e podia gritar; gritava como jamais pudera.

E com um grito no silêncio, ouvia-se tudo o que tinha a dizer.